Domingo, 28 de dezembro de 2014, Veneza, Itália.
Segundo dia em Veneza, que era, na verdade, o primeiro. Demorara a
amanhecer naquele quarto frio. Saíram já quase à hora do almoço. A cidade era
esquisitamente linda durante o dia. Havia um colorido que emanava daquelas
ruínas em meio àquelas águas de um verde não saudável.
Ela perguntava-se onde estava escondida aquela cidade na noite anterior.
Até uma pista de patinação no gelo brotara do nada. Genial! Sentiu-se alegre
por alguns minutos, mas vez em quando a melancolia sussurrava-lhe ao ouvido. Ela
fingia não ouvir, mas nunca fora boa em dissimular.
Era uma cidade para os amantes, não tinha dúvidas. Quando escolheu ir lá,
pensara nisso. Como não se apaixonar na cidade mais romântica da Europa? Ela tristemente
descobriu que para ele isso era possível.
Ele achava tudo incrível. Era apaixonado por ruínas, cidades antigas,
prédios antigos. Veneza era perfeita para ele. Antiga, em ruínas e com um
concerto de Vivaldi em cada esquina. Para ela, era irrelevante, não entendia de
música clássica. Para ele era o paraíso. Para variar, discutiram por isso. Mas o
passeio estava agradável naquele dia que se fizera noite. Última noite em
Veneza... Um pouco de álcool para acalmar os ânimos e recompor a alma.
Desde que chegara à Europa e ele demonstrara não querê-la, ela sempre
achava que precisava de uma dose a mais. Só assim ela divertia-se, só assim ela
libertava-se. Em meio à embriaguez, doía-lhe menos o fato de haver sempre uma
europeia tão linda para ele quanto ela jamais seria.
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