Sexta-feira, 02 de janeiro de 2015, Roma, Itália.
Terceiro dia em Roma e ainda não haviam visto muito. O cansaço os
consumia. O turismo estava mais para obrigação que para diversão. Estavam em
Roma, em pouco tempo não estariam mais. Havia muito o que ver e não dava para
ficar na cama a curtir toda a preguiça que vinha com o inverno. Caminare a ver
o Vaticano!
O clima entre eles não era dos mais amistosos. Ela anulava-se ao máximo
para não incomodá-lo, ele incomodava-se sempre. Com a forma como ela o olhava,
como caminhava, como mantinha-se desatenta. Toda ela era um incômodo, ela
sentia, e desejava poder ser invisível.
Tranvia, metrô, Coliseu. Fotos, fotos, fotos. Dele, porque ela já não se
importava. Uma dor começou a importuná-lo, tinha a cabeça em colapso. Antes de
qualquer coisa, ele a tratou mal. Ela aceitou o maltrato diminuindo-se um pouco
mais, já quase não existia. Preocupava-se com ele. ¿Qué
le pasaba que le dolía tanto la cabeza? Cuidou dele. Tratou de achar o camino, apesar de nunca
prestar atenção e ser péssima com mapas. Amava-o apesar de tudo e não queria
que nada de ruim lhe acontecesse.
Foi um dia de distâncias. Ela acreditava que as religiões mais afastavam
que reuniam as pessoas. No Vaticano não foi diferente. Em meio ao mundo sagrado
católico, eles caminhavam no meio de uma multidão que nada mais podia
compartilhar. Todos de olhos e ouvidos atentos.
Foi um dia de paz em meio a tantos passos e burburinhos, além da voz da
guia a gritar-lhes nos ouvidos. Quase não se falaram, não puderam brigar. Mas,
uma hora a visita acabou e eles foram expulsos do paraíso dos mundinhos
inviduais e recomeçaram a incansável desarmonia. Vencida, ela resignou-se uma
vez mais em busca de alguma paz. Sempre era melhor quando escolhia não falar,
não brigar, não expor-se. Por dentro ela ia definhando, por fora, a expressão
entregava-lhe os pensamentos. Tinha o sorriso cada vez mais triste e dos olhos
sempre reluzentes, encantadores, expressivos não escapava nada mais que um
pranto oculto.
No último dia em Roma, não houve amor, não houve carinho, não houve
perdão. Na cidade mais sensual da Itália, não houve sexo. Não houve nada. No
meio da noite, ele quis tocá-la, mas algo o fez recuar, ela não insistiu.
Adormeceu na solidão, entre mágoas e desejos.
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