quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A arte do desencontro


Sexta-feira, 19 de dezembro de 2014, Madri, Espanha.
Ainda não conseguira dormir bem. Entrava luz no quarto e ela o via ao lado, lindo e completamente adormecido. Com que sonhava? Mais um dia amanhecia na linda Madrid. Era necessário guardar as mágoas no bolso e, na medida do possível, tentar desfrutar do momento. Não era fácil. Numa cidade linda, num frio de dezembro e com tantos casais ao redor, rogava por ser amada. Calava em si o clamor, punha um sorriso no rosto e seguia caminho.
À noite, quando todas as esperanças dela tinham-lhe dado adeus, ele veio tocá-la; ela sentiu-se feliz por um momento, quem sabe ele finalmente voltara a ver nela o que parecia ter visto no primeiro encontro.

Há mais de três anos ninguém a tocava. Guardava-se para o amor. Cansara-se de ser um simples momento de êxtase de alguém, de si mesma. Ela sentia amar aquele homem, cada centímetro do corpo dele. Entregou-se entre medo e desejo. Ele não a amou como ela sonhara, imaginara, e como ele, por longos meses, tantas vezes prometera. Foi cuidadoso, mas não carinhoso o suficiente, era demasiado direto. Ainda assim, quando após certo esforço, ele finalmente entrou nela, ela sentiu o prazer de senti-lo dentro, e sentia que finalmente era dele. O gozo veio e junto com ele a esperança de que, a partir de então, tudo seria diferente. Adormeceu nos braços dele, cansada e feliz.

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