Sexta-feira, 19 de dezembro de 2014, Madri, Espanha.
Ainda não conseguira dormir bem. Entrava luz no quarto e ela o via ao
lado, lindo e completamente adormecido. Com que sonhava? Mais um dia amanhecia
na linda Madrid. Era necessário guardar as mágoas no bolso e, na medida do possível,
tentar desfrutar do momento. Não era fácil. Numa cidade linda, num frio de
dezembro e com tantos casais ao redor, rogava por ser amada. Calava em si o
clamor, punha um sorriso no rosto e seguia caminho.
À noite, quando todas as esperanças dela tinham-lhe dado adeus, ele veio
tocá-la; ela sentiu-se feliz por um momento, quem sabe ele finalmente voltara a
ver nela o que parecia ter visto no primeiro encontro.
Há mais de três anos ninguém a tocava. Guardava-se para o amor. Cansara-se
de ser um simples momento de êxtase de alguém, de si mesma. Ela sentia amar
aquele homem, cada centímetro do corpo dele. Entregou-se entre medo e desejo. Ele
não a amou como ela sonhara, imaginara, e como ele, por longos meses, tantas
vezes prometera. Foi cuidadoso, mas não carinhoso o suficiente, era demasiado
direto. Ainda assim, quando após certo esforço, ele finalmente entrou nela, ela
sentiu o prazer de senti-lo dentro, e sentia que finalmente era dele. O gozo
veio e junto com ele a esperança de que, a partir de então, tudo seria
diferente. Adormeceu nos braços dele, cansada e feliz.
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