ELA (continuação)
Apaixonara-se pela primeira vez aos seis anos, enquanto tentava soletrar. Parecia-lhe tão fácil soletrar amor. Descobriria um dia que a facilidade da palavra restringia-se à ortografia e à fonologia.
Ele era loiro, tinha olhos verdes, cabelo liso. Exatamente como nas estorinhas... E tinha quase o dobro da idade dela. Provavelmente nunca a vira e eles nunca chegaram a trocar uma só palavra. E, depois de algum tempo, ela o esqueceu. Lembrava-se de algumas características, mas não podia lembrar, nem mesmo com precisão superficial, do rosto dele.
Da segunda vez que ela se apaixonou, tinha dez anos. Cursava agora a quarta série e já vinham-lhe à cabeça as primeiras grandes dúvidas, para as quais, mesmo depois de muito tempo, não encontraria resposta. Um amor em questão era novamente um loiro. Os biotipos dos contos de fada pareciam seguir impregnados em sua mente. Ele tinha uns traços delicados, requintados; parecia meio europeu. Tornaram-se amigos. Conversavam por horas, inclusive durante as aulas, coisa que ela até então nunca fizera. Sempre fora comportadíssima, um exemplo para toda turma. Incutiram-lhe desde cedo uma certa repressão que ela nunca pensara em romper. Obedecia e ponto. Mas agora, simplesmente acontecia. Era tão melhor responder a ele que à professora... Mas ao fim a consciência falou mais alto e ela resolveu separar-se dele para não prejudicar-se.
Um dia ele lhe fez uma declaração de amor, uma cartinha linda. A qual inesperadamente ela disse: não. Era jovem demais, não podia entregar-se ao amor agora.
"Lenguajes" é uma proposta de interação através de poemas, canções e discussões, sejam estes em português, em espanhol ou da forma que convier à velha(não tão velha assim)cachola. Com bom humor ou não, e vez em quando com uma lágrima doce...
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
domingo, 4 de dezembro de 2011
A arte do encontro IV
ELA
Ela sonhava com um amor, um amor de verdade. Alguém para quem ela pudesse dizer "Eu te amo", que cuidasse dela e para quem ela pudesse ser ela mesma, com todos os seus defeitos e com todas as suas virtudes. Sempre quisera um amor, desde a infância via a mágica gerada pelo amor presente nos contos de fada. Eram tantas as estórias, cheias de beleza e sempre com um garantido "Felizes para sempre", sobre o qual ela sempre indagava: quanto é sempre? Ao fim, não importava. O foco do beijo, do príncipe, da felicidade e do amor lhe roubavam a atenção. Como desejava ser encontrada, resgatada, cuidada e amada pelo seu grande amor.
Um dia, finalmente leu uma estória triste "A pequena sereia". Pareceu-lhe a mais linda de todas. De todos os amores lidos nos livros, nenhum era como aquele. Era uma estória de entrega em que era necessário dar tudo por um talvez e dessa vez o sacrifício não era do príncipe, era da princesa. Uma princesa que depois de muito sofrer e de tanto doar-se, transformou-se em espuma, simplesmente. Lindo... Pena a nossa heroína ter depois descoberto que nem sempre o que é lindo na literatura, o é na vida real.
Ela sonhava com um amor, um amor de verdade. Alguém para quem ela pudesse dizer "Eu te amo", que cuidasse dela e para quem ela pudesse ser ela mesma, com todos os seus defeitos e com todas as suas virtudes. Sempre quisera um amor, desde a infância via a mágica gerada pelo amor presente nos contos de fada. Eram tantas as estórias, cheias de beleza e sempre com um garantido "Felizes para sempre", sobre o qual ela sempre indagava: quanto é sempre? Ao fim, não importava. O foco do beijo, do príncipe, da felicidade e do amor lhe roubavam a atenção. Como desejava ser encontrada, resgatada, cuidada e amada pelo seu grande amor.
Um dia, finalmente leu uma estória triste "A pequena sereia". Pareceu-lhe a mais linda de todas. De todos os amores lidos nos livros, nenhum era como aquele. Era uma estória de entrega em que era necessário dar tudo por um talvez e dessa vez o sacrifício não era do príncipe, era da princesa. Uma princesa que depois de muito sofrer e de tanto doar-se, transformou-se em espuma, simplesmente. Lindo... Pena a nossa heroína ter depois descoberto que nem sempre o que é lindo na literatura, o é na vida real.
A arte do encontro III
Apesar de um primeiro momento tão agradável, ela não permaneceu pensando nisso. Não pensou muito nele depois. Tinha a cabeça ocupada com um outro de acento bem mais parecido com o dela. Esse também andava distante e possuía o doce veneno dos homens belos e jovens. Mais ainda, era músico e mulherengo, declaradamente. Nada promissor, mas entorpecedor como um bom veneno deve ser. E ela esperava por ele todos os dias, ansiosamente, como se a luz do programinha de conversação lhe transmitisse energia cada vez que acendia com o nome dele. Era uma romântica incorrigível, apesar da aparência contrária que fazia todos concluírem o inverso.
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A arte do encontro II
Depois de seis meses de espera e ansiedade, ansiedade que fazia dela alguém peculiarmente perturbada em alguns momentos, ele concretizava-se diante dela. Lindo... Era o único pensamento que ela conseguia organizar ao virar-se depois de ouvir a voz dele.
Em uma noite de verão, enquanto ela ensaiava, diante da tela, um inglês que teimava em não funcionar, ele apareceu, numa janelinha discreta que assobiava na tentativa de chamar a atenção dela. Putz, esquecera o chat ligado. Isso a atrapalhava na conclusão dos exercícios, preferia desativá-lo. Mas ele a chamava, e ela resolveu ver que rosto tinha em que idioma falava aquele chamado. O rosto tinha uma seriedade doce que contrastava com traços extremamente masculinos e o idioma tinha a sedução latina com direito a acento portenho. Como resistir a um papo com alguém que falava a segunda língua dela? Não resistiu. Era a chance de pôr em prática o seu espanhol de dez anos de estudo e alguns mais de paixão, e que a vida tentava lançar ao esquecimento. E aquela carinha...
Vamos a hablar!
Hola!
Hola!
Como andas?
Que tal?
Cuantos años tenes vos?
Y tu, cuantos años tienes?
De donde sos en Brasil?
De donde eres?
E entre tuteos e voseos, quilombos e líos, desde dois mundos tão distantes e diferentes, eles se entendiam perfeitamente. O espanhol dela, mesmo enferrujado, fluiu, e eles riram muito, divertiram-se, até que ele não pode mais ficar. Mas ele queria mais. Que doce, que divertida era ela. Que agradável era tudo o que ela escrevia. Não podia correr o risco de não mais sentir aquela sensação. Trocaram e-mails e prometeram-se um hasta luego e um hablamos.
Ela saiu da frente do computador e foi à cozinha. A mãe já a chamara várias vezes para o jantar, mas ela dava como resposta apenas um “já vai” e não chegava à mesa. Ao chegar, contou aos pais que conversara com o argentino. Era muito ansiosa e eufórica para manter segredo sobre algumas novidades. Mas não gostava disso. Compartilhar fatos da sua vida com todos ao redor já lhe rendera algumas dores de cabeça. Mas não conseguia controlar o erro.
Entrar em contato com uma realidade sobre a qual ela aprendera nos livros, a fascinava. Sonhava em sair daquele bairrozinho, em meio a uma realidade tão sem perspectivas, ir conhecer o mundo. Mas isso era algo tão distante para ela que considerava apenas objeto de sonhos. O contato com um estrangeiro a fazia sentir-se meio teletransportada a um outro universo.
continua...
Em uma noite de verão, enquanto ela ensaiava, diante da tela, um inglês que teimava em não funcionar, ele apareceu, numa janelinha discreta que assobiava na tentativa de chamar a atenção dela. Putz, esquecera o chat ligado. Isso a atrapalhava na conclusão dos exercícios, preferia desativá-lo. Mas ele a chamava, e ela resolveu ver que rosto tinha em que idioma falava aquele chamado. O rosto tinha uma seriedade doce que contrastava com traços extremamente masculinos e o idioma tinha a sedução latina com direito a acento portenho. Como resistir a um papo com alguém que falava a segunda língua dela? Não resistiu. Era a chance de pôr em prática o seu espanhol de dez anos de estudo e alguns mais de paixão, e que a vida tentava lançar ao esquecimento. E aquela carinha...
Vamos a hablar!
Hola!
Hola!
Como andas?
Que tal?
Cuantos años tenes vos?
Y tu, cuantos años tienes?
De donde sos en Brasil?
De donde eres?
E entre tuteos e voseos, quilombos e líos, desde dois mundos tão distantes e diferentes, eles se entendiam perfeitamente. O espanhol dela, mesmo enferrujado, fluiu, e eles riram muito, divertiram-se, até que ele não pode mais ficar. Mas ele queria mais. Que doce, que divertida era ela. Que agradável era tudo o que ela escrevia. Não podia correr o risco de não mais sentir aquela sensação. Trocaram e-mails e prometeram-se um hasta luego e um hablamos.
Ela saiu da frente do computador e foi à cozinha. A mãe já a chamara várias vezes para o jantar, mas ela dava como resposta apenas um “já vai” e não chegava à mesa. Ao chegar, contou aos pais que conversara com o argentino. Era muito ansiosa e eufórica para manter segredo sobre algumas novidades. Mas não gostava disso. Compartilhar fatos da sua vida com todos ao redor já lhe rendera algumas dores de cabeça. Mas não conseguia controlar o erro.
Entrar em contato com uma realidade sobre a qual ela aprendera nos livros, a fascinava. Sonhava em sair daquele bairrozinho, em meio a uma realidade tão sem perspectivas, ir conhecer o mundo. Mas isso era algo tão distante para ela que considerava apenas objeto de sonhos. O contato com um estrangeiro a fazia sentir-se meio teletransportada a um outro universo.
continua...
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Tédio
Cansada desta falta de lirismo
Deste excesso de cinismo
Desta gente tão comum
Fadiga dos mesmos papos
Dos mesmos atos
Dos super insights
Outra vez essa pergunta?
Ah! Para com isso
Vira o disco
Compra um blu-ray
Cansei. Não vês?
Cansei...
Virá pra lá
Inventa a tua história recontada
Conta em outra esquina
Em outro bar, pra outra vida
Onde seja novidade
Pra mim é mera fadiga.
Deste excesso de cinismo
Desta gente tão comum
Fadiga dos mesmos papos
Dos mesmos atos
Dos super insights
Outra vez essa pergunta?
Ah! Para com isso
Vira o disco
Compra um blu-ray
Cansei. Não vês?
Cansei...
Virá pra lá
Inventa a tua história recontada
Conta em outra esquina
Em outro bar, pra outra vida
Onde seja novidade
Pra mim é mera fadiga.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
A arte do encontro
Que doce, linda e indescritível é a sensação de encontrar no meio da multidão, a pessoa por quem tanto espera. Um encontro marcado em uma rua qualquer, uma esquina qualquer, um famoso bar, e você ali a pensar "virá?". Os minutos que antecedem a chegada são como horas intermináveis, torturantes. Mas ao avistar o amor, do outro lado da rua, na porta de um bar, numa esquina cheia de solidão. Que felicidade! Que deleite!
Esquece-se o tormento, troca-se tudo por um par de beijos e um mundo de confissões que não cabem em nenhuma igreja, nenhum dicionário e que não servem para relatar, só eles entendem.
A questão é que, num dia qualquer, em pleno frio julhino, ela o viu pela primeira vez e o reconheceu. Era ele, ela sabia. Por quê? Como? Ela sabia, era só isso.
Esquece-se o tormento, troca-se tudo por um par de beijos e um mundo de confissões que não cabem em nenhuma igreja, nenhum dicionário e que não servem para relatar, só eles entendem.
A questão é que, num dia qualquer, em pleno frio julhino, ela o viu pela primeira vez e o reconheceu. Era ele, ela sabia. Por quê? Como? Ela sabia, era só isso.
sábado, 17 de setembro de 2011
Das cartas que eu não mando...IV
No dia em que completamos dois meses separados depois do quase desastroso encontro físico, não te escrevi. Não houve poema, não houve canção, mas pensei em ti, pensei muito, e, à noite, quando adormeci, apareceste em meus sonhos. Desta vez não parecias real, não parecias o meu bem, sempre tão lindo, tão envolvente. De ti só a voz soava-me igual, "re linda". Mas teu rosto era outro , teu cabelo era outro e o teu beijo não tinha sabor. Eu não sentia que eras tu, não te reconhecia. Eu dizia isso pra mim, no sonho, na realidade. Te buscava... Queria tanto te encontrar de verdade. Não por necessidade de te falar algo, já falei tanto... Preciso te ouvir e ficar ali, declinada sobre teu ombro, sentindo teu cheiro, tua respiração. Quero a paz de sentir-te assim, em tua doçura; e ficar ali repousada simplesmente. Como se não houvesse tempo, como se não houvesse nada.
16/09/2011
16/09/2011
Das cartas que eu não mando...III
Há tanto tempo não te falava, meu amor. Não conversava contigo como nos velhos tempos, sem uma briga no meio que deixava tudo meio cinza. Te reconheço outra vez. Porém já não trago comigo a certeza de antes e já não sei me entregar naturalmente como fazia outrora. Penso, repenso, peso os detalhes e fico sempre na dúvida: fiz o certo? Se é que o certo existe...
11/09/2011
11/09/2011
Das cartas que eu não mando...II
Qué difícil es aceptar, convivir con esta angustia que me consume los pensamientos, los respiros...Me borraste en fin? Me quedo preguntando, resulto sin respuestas. Por dónde andarás, qué cosas probaste y qué has sentido en este tiempo en que no estoy. ¿Ha sido fácil para vos? Para mí es como que imposible. Pienso en vos todos los días, por horas. Me olvido las cosas. Con el mismo deseo siempre: que vuelvas a mí. Aunque ya no me llames "mi amor".
Volvé a mí, haceme un mimo, decíme algo dulce. Habla de mis manos, decíme "te extraño".
Por cuánto tiempo estarás en mi mente, pegado como un chicle, un grudo... Quizás no te quiera borrar. Acordar los momentos con vos es como volver a vivirlos, es como sentirte otra vez. Y cómo deseo sentirte... Tus manos a dibujarme, tu voz a retarme, a frenarme, cuando querías mucho, mucho más. Y qué perfección el beso, tus ojos cerrados como en un sueño; y yo a entregarme, a darte cada trocito de mi cuerpo, de mi alma. No, no quiero olvidarte.
04/08/2011
Volvé a mí, haceme un mimo, decíme algo dulce. Habla de mis manos, decíme "te extraño".
Por cuánto tiempo estarás en mi mente, pegado como un chicle, un grudo... Quizás no te quiera borrar. Acordar los momentos con vos es como volver a vivirlos, es como sentirte otra vez. Y cómo deseo sentirte... Tus manos a dibujarme, tu voz a retarme, a frenarme, cuando querías mucho, mucho más. Y qué perfección el beso, tus ojos cerrados como en un sueño; y yo a entregarme, a darte cada trocito de mi cuerpo, de mi alma. No, no quiero olvidarte.
04/08/2011
Das cartas que eu não mando...
No me gusta cuando te callas porque sé que estás ausente, y tu ausencia me hace daño, me duele, me hiere. Cuántos días con vos, siempre con vos. De un país a otro de un habla a otra con pensamientos que se encontraban, con voces que se querían. Cómo se querían...
Extraño a veces cuando eras todavía un sueño y en él me querías como nadie me supo querer. Ay dulce ilusión que me hizo tan feliz en tantos momentos. Allí senti ser amada y cómo era dulce aquel amor de mentira.
Ya no estás, no me llamas, quizás me olvidaste. Y yo, ¿cómo te olvido? Necesito aprender. Pero qué triste es tener que olvidar algo tan lindo, tan sincero. El tiempo se encargará de hacerlo. Eso lo espero. Tiempo, tiempo tiempo...
04/08/2011
Extraño a veces cuando eras todavía un sueño y en él me querías como nadie me supo querer. Ay dulce ilusión que me hizo tan feliz en tantos momentos. Allí senti ser amada y cómo era dulce aquel amor de mentira.
Ya no estás, no me llamas, quizás me olvidaste. Y yo, ¿cómo te olvido? Necesito aprender. Pero qué triste es tener que olvidar algo tan lindo, tan sincero. El tiempo se encargará de hacerlo. Eso lo espero. Tiempo, tiempo tiempo...
04/08/2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Porque tudo é literatura...
Enquento ela lê, ele olha para ela, insistente, incisivo, hipnotizado. Isso a incomoda? Não parece ela importar-se, segue seu relato, inalterada, concentrada.
O discurso sobre o amado escritor, da África para o papel, para o mundo, para ela. E ela fala, fala, fala. Junta os discursos, emenda os mundos, foca e desfoca; empolgada, excitada.
Ele continua a olhar, sorri às vezes, vez em quando desvia-se ao netbook. Afinal, que tanto escreve ele?
Professora, mestre, doutora. Muitas viagens, muitas histórias... O que irá esconder-se sob o fervor acadêmico? À noite, sobre travesseiro, virá alguma literatura tocar-lhe a face, penetrar nela, ou adormecerá sonhando literaturas que lhe escrevam fantasias num tom bastante verossímil?
Especialmente para Cleudene Aragão
01/09/2011
O discurso sobre o amado escritor, da África para o papel, para o mundo, para ela. E ela fala, fala, fala. Junta os discursos, emenda os mundos, foca e desfoca; empolgada, excitada.
Ele continua a olhar, sorri às vezes, vez em quando desvia-se ao netbook. Afinal, que tanto escreve ele?
Professora, mestre, doutora. Muitas viagens, muitas histórias... O que irá esconder-se sob o fervor acadêmico? À noite, sobre travesseiro, virá alguma literatura tocar-lhe a face, penetrar nela, ou adormecerá sonhando literaturas que lhe escrevam fantasias num tom bastante verossímil?
Especialmente para Cleudene Aragão
01/09/2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Inadequações
Leio e releio os escritos da noite passada. Tô inerte agora. Pessoas em redor falam sobre coisas diversas, tento me encontrar em alguma das conversas. Não me encontro. Como sempre não me encontro. Pra mim é sempre difícil a compatibilidade. Talvez eu precise de um conhaque, não, melhor um uísque, não gosto de conhaque, melhor ainda, melhor uma cerveja, o clima está quente demais pra um uísque. Mas irei dirigir e não posso tomar cerveja. Ai, perdi-me nesse papo alcóolico. Ao começo<<<
Sobre ontem, ah ontem... Ah um mês atrás a partir de ontem... Que saudade desgraçada!
13/08/2011
Sobre ontem, ah ontem... Ah um mês atrás a partir de ontem... Que saudade desgraçada!
13/08/2011
Recuerdos...
Quando penso que te esqueço a tua lembrança volta a mim. Forte, incisiva, persistente. Como o teu "no quiero que me olvides". Pareces ter o poder. Pareces me controlar às vezes, e eu não gosto de ser controlada, quase nunca. Creio que é a primeira vez que te escrevo em português. Terá isso algum significado, discipulo de Freud?
Hoje faz exatamente um mês que fizemos amor pela primeira, única e talvez última vez. Será por isso que sinto tua falta tão presente em mim neste dia? Talvez... Não sou boa com o inconsciente, subconsciente, nem com o significado das lembranças. Deixo pra você. Desvende o enigma and explain for me, please!
Ai meu querido, que peça nos pregou essa maquininha num canto do quarto. Quem diria que o acaso me levaria tão longe e te deixaria tão perto... Sempre que fecho os olhos consigo lembrar cada detalhe do teu rosto: a cicatriz na sobrancelha direita, as covinhas no rosto cada vez que você ria, o teu olhar dividido entre envergonhado e orgulhoso quando eu cantava pra você.
Lembro da primeira vez que te olhei. Como te achei lindo...
Paro no tempo, adentro meus pensamentos e lá te encontro, de pé, mudando as estaçoes no velho rádio da cozinha, bailando reggaeton, sambando. Ainda consigo ouvir tua voz em meu ouvido: "no, mi amor. No llores, mi amor". Era incrível te ouvir me chamar assim. Não importa quantas palavras eu diga em português ou em castelhano. Elas não traduzem a minha sensação ao te ouvir me chamar "mi amor".
Sinto tanto a sua falta, meu bem... É difícil pensar que pra você eu talvez não tenha sido importante. Dói tanto quando alguém me diz isso.
Um mês... E ainda sinto o gosto do teu beijo, o perfume do teu pescoço, o calor das tuas mãos.
original 12/08/2011
Hoje faz exatamente um mês que fizemos amor pela primeira, única e talvez última vez. Será por isso que sinto tua falta tão presente em mim neste dia? Talvez... Não sou boa com o inconsciente, subconsciente, nem com o significado das lembranças. Deixo pra você. Desvende o enigma and explain for me, please!
Ai meu querido, que peça nos pregou essa maquininha num canto do quarto. Quem diria que o acaso me levaria tão longe e te deixaria tão perto... Sempre que fecho os olhos consigo lembrar cada detalhe do teu rosto: a cicatriz na sobrancelha direita, as covinhas no rosto cada vez que você ria, o teu olhar dividido entre envergonhado e orgulhoso quando eu cantava pra você.
Lembro da primeira vez que te olhei. Como te achei lindo...
Paro no tempo, adentro meus pensamentos e lá te encontro, de pé, mudando as estaçoes no velho rádio da cozinha, bailando reggaeton, sambando. Ainda consigo ouvir tua voz em meu ouvido: "no, mi amor. No llores, mi amor". Era incrível te ouvir me chamar assim. Não importa quantas palavras eu diga em português ou em castelhano. Elas não traduzem a minha sensação ao te ouvir me chamar "mi amor".
Sinto tanto a sua falta, meu bem... É difícil pensar que pra você eu talvez não tenha sido importante. Dói tanto quando alguém me diz isso.
Um mês... E ainda sinto o gosto do teu beijo, o perfume do teu pescoço, o calor das tuas mãos.
original 12/08/2011
Deseo
Tengo ganas de guardar todas tus palabras, sin olvidarme ninguna. Cada detalle de tus pensamientos que me envías a través de palabras escritas. A través de ellas puedo sentir tu deseo tan cerca, como si estuvieras aquí, como si estuvieras en mí. Pero estás tan lejos, mi amor.
Me miras desde lejos y es como si estuviera delante de ti, pero sin respiro, sin olor, sin sabor... Y respiro tan hondo, huelo a hembra y a chocolate y tengo el gusto porque esperas.
No consigo saber en qué momento empecé a quererte, a desearte. Pienso y no logro acordarme el momento en que te hiciste tan presente y necesario. Pero te hiciste, aunque a miles de quilómetros, aunque no tengas todavía respiro, olor ni sabor.
original hecho 27/05/2011.
Me miras desde lejos y es como si estuviera delante de ti, pero sin respiro, sin olor, sin sabor... Y respiro tan hondo, huelo a hembra y a chocolate y tengo el gusto porque esperas.
No consigo saber en qué momento empecé a quererte, a desearte. Pienso y no logro acordarme el momento en que te hiciste tan presente y necesario. Pero te hiciste, aunque a miles de quilómetros, aunque no tengas todavía respiro, olor ni sabor.
original hecho 27/05/2011.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Secretos lejanos
Fue sabio Dios por no dejar que nos miren los pensamientos. En el trabajo, en mi habitación, en mis sueños, surges, no me dejas. Cierro los ojos... Seguis tan cerca, estás tan lejos...
Quién me tocará como vos otra vez, mi amor? Puedo sentir aún tu respiro, tu olor, tu deseo. Dios... es una tortura. Quiero tenerte acá, como en aquel cálido momento. Otra vez tus manos a dominarme, tu voz al oído, mi cuerpo temblando de deseo, necesitándote con urgencia. tu sexo a invadirme, tu voz a decirme: Ay, mi amor, !cómo te mueves!
No puedo olvidar, además, no quiero olvidar. Quiero más, más, más, hasta emborracharme, hasta agotarme, hasta que se me vayan las fuerzas. Vení a mí, mi amor. !Te necesito!
Quién me tocará como vos otra vez, mi amor? Puedo sentir aún tu respiro, tu olor, tu deseo. Dios... es una tortura. Quiero tenerte acá, como en aquel cálido momento. Otra vez tus manos a dominarme, tu voz al oído, mi cuerpo temblando de deseo, necesitándote con urgencia. tu sexo a invadirme, tu voz a decirme: Ay, mi amor, !cómo te mueves!
No puedo olvidar, además, no quiero olvidar. Quiero más, más, más, hasta emborracharme, hasta agotarme, hasta que se me vayan las fuerzas. Vení a mí, mi amor. !Te necesito!
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Amor al amanecer
Hoy desperté con ganas de hacer el amor contigo. Se asoman en mi cabeza imágenes. Imagino tu cuertpo sobre el mío y tu mano a explotarme sin pedir permiso, a causarme extasis. Tu boca a pasearme, a devorarme, a enloquecerme. Los suspiros que me causas, los temblores... El sudor de tu cuerpo a mezclarse con el mío. El olor de mi cuerpo a decirte: te necesito, ahora! Y pronto tu sexo a invadirme, mientras me miras en los ojos y oyes un susurro de placer a saltar de mis labios.
La sensación de tenerte dentro de mí. Las piernas abiertas a recibirte, entregada, dominada. Tu cuerpo resbalando sobre el mío, despacio, a sentir cada sensación con cuidado y después, más rápido, más rápido, un poco más, un poco más, más, más, más...Oh!
... Otra vez! Y qué tal ahora mi cuerpo sobre el tuyo... Antes, mis senos a rozar tu espalda, mi boca a pasearte, mi lengua a invadirte...
terça-feira, 31 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
Cómo me duele
Como me duele
Que otra esté en tus brazos
Que sus manos acaricien tu cuello
Como deseo acariciar
Como me duele
Que tus manos dibujen su rostro
Como deseo que me dibujes
Y que tu piel le toque a ella
Como me muero por sentir
Todos los días...
Las lágrimas surgen en mis ojos
Sin pedir permiso
Sin razón razonable
Solo vienen
¿Qué hago yo?
Sos mi ilusión, mi dulce ilusión
Pero te quiero como a nadie
Te siento desde aquí
Y desde aquí te siento tenerla
Como me duele
Imaginar que tus manos
Calientan otras espaldas
Y que siente ella tu respiro
mientras duerme
Y despierta con tu voz al oído
Como en sueño desperté
Como desde lejos me llamas
Como me duele...
Que otra esté en tus brazos
Que sus manos acaricien tu cuello
Como deseo acariciar
Como me duele
Que tus manos dibujen su rostro
Como deseo que me dibujes
Y que tu piel le toque a ella
Como me muero por sentir
Todos los días...
Las lágrimas surgen en mis ojos
Sin pedir permiso
Sin razón razonable
Solo vienen
¿Qué hago yo?
Sos mi ilusión, mi dulce ilusión
Pero te quiero como a nadie
Te siento desde aquí
Y desde aquí te siento tenerla
Como me duele
Imaginar que tus manos
Calientan otras espaldas
Y que siente ella tu respiro
mientras duerme
Y despierta con tu voz al oído
Como en sueño desperté
Como desde lejos me llamas
Como me duele...
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Me haces falta
Me haces falta
Me cambia el humor
Te necesito, es cierto
Qué hago yo?
Dónde estás que no vuelves a mí?
Una semana me parece un año sin ti
Quién en mi lugar te tocará?
Me haces falta
Mis pensamientos te buscan
Mi cuerpo espera tu toque
Me muero por tocarte, me dijiste
Mi cuerpo no se olvida
Todo él espera por tus manos
Por tus labios
Tu boca de buzón que desea engollirme entera
Ay Dios! Cómo tardan en pasar los días!
Pienso en ti en todos los momentos
Aunque miro a otros
Pienso en ti
Los comparo
Sos siempre lo mejor
Átame
Llévame hasta el cielo
Te quiero tanto que me duele
Te deseo tanto que llego a temblar
Toda mi mente es un lío.
Vuelve a mí mi amor
Me haces falta.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
CONSULTA MÉDICA

Ela esperava ansiosamente pela consulta. Odiava esperar e odiava os momentos que antecediam as consultas médicas. Mas o hipocondrismo a corroía e, cada vez com mais frequência, repetia-se o episódio. Ele veio, sentou-se ao lado dela. Ela não lembrava quem iniciara a conversa, o fato é que conversavam, descontraidamente. A espera tornara-se até menos desagradável.
Ela prestava atenção nos detalhes e falava com desenvoltura, inconscientemente quem sabe para desafiá-lo. Poderia ele manter o nível? Ele continuava ali, sabia utilizar a linguagem, não tropeçava nas palavras e, embora não fosse adepto de termos eruditos, não cometia erros que o senso comum teimava em cometer.
Ela não acreditava que estava fazendo análises linguísticas sobre o moço. Ele tem um sorriso lindo, uns olhinhos meio orientais, negros como ela gostava; uns braços fortes, do tipo que transmitem a segurança física que toda mulher almeja; e ela ali a pensar no léxico, nas ênclises, nas próclises...
Ele não falava outra língua, confessou sem vergonha nem pesar, mas achava lindo que ela falasse. Como é que diz mesmo? Entendi tudo. Ela ria, adorava aquela sensação de poder intelectual. Excitava-a.
Entre uns e outros assuntos, ela levantara, precisava de informações da recepção. Ao sentar-se novamente, a pergunta:
_ Faz tempo que tu malha?
Ela deixou escapar um sorriso entre orgulhoso e malicioso. Ele não perdera tempo, havia olhado para as pernas dela ao vê-la caminhar, ela sabia.
Cada vez ele a observava mais, ela percebia, fingia que não. O olhar dele ia ficando mais atrevido, fixava-se no decote da blusa dela, no qual os seios delicados saltavam numa ousadia disfarçada. Ele teimava em tentar disfarçar e não conseguir divertia-a. Ela sorria por dentro: dominava-o.
Ela pensou em perguntar-lhe algo sobre alguma forma de manter contato. Melhor não. Você é o peixe, ele que pesque. E, como em cena de filme, ele adivinhou-lhe os pensamentos. Dissera-lhe entre pretencioso e confiante:
_ Dá um toque no meu celular pra eu gravar teu número.
Ela agora dava-se conta, fora excessivamente simpática, mostrara interesse, o suficiente para a fala dele. Foda-se, ele é um gatinho. E no mais, conheciam-se. Ela lembrava dele. De onde? Especulações... Estudos, escolas, ah! É isso! Te conheço de algum lugar. Você não me é estranha. Exatamente. Eu sabia.
Antigos conhecidos. Destino? Quiçá - adoro essa palavra, desculpe leitor, não me contive - Quem sabe... Ela esperará, talvez com menos ansiedade do que esperara a consulta, mas esperará.
domingo, 1 de maio de 2011
O Retrato 2 (Érico Veríssimo)

Ao melhor escritor gaúcho de todos os tempos, minha homenagem.
"No meio da confusão, Toni deixou apressadamente a sala. Rodrigo seguiu-a, numa insensata esperança. (É agora ou nunca)Entrou no vestíbulo. Lá estava a Fraulein a mirar-se no espelho.Correu para ela, agarrou-a pelos ombros, fêla dar meia volta, puxou-a contra o peito e beijou-a com furor. Sua boca sugou como uma ventosa os lábios da rapariga, que no primeiro momento ficou como paralisada, o corpo retesado numa instintiva atitude de defesa. Em seguida, porém, ele sentiu que os dedos dela entravam em seus cabelos, numa carícia desordenada, e que aquele corpo quente, tenro e palpitante não apenas se entregava, mas procurava também o seu. Pôs-se a beijar-lhe as faces, a testa, os olhos, numa pressa gulosa. A boca de Toni então tomou a iniciativa, colou-se avidamente a sua, o que o deixou desatinado. Suas mãos começaram a percorrer o corpo da Fraulein, numa ânsia cega e dilaceradora. Sentindo, porém, que ela desfalecia - a cabeça atirada para trás, os olhos semicerrados, um débil gemido a escapar-lhe pela boca entreaberta - teve de enlaçar-lhe a cintura para que ela não caísse. Passou-lhe pela mente uma ideia alucinada; erguê-la nos braços, subir a escada e levá-la para um dos quartos, lá em cima... Mas o corpo de Toni tornou a enrijar-se e, desvencilhando-se dele, a rapariga apanhou o violoncelo e se foi quase a correr, rumo da sala de visitas."
(Érico Veríssimo, O Retrato 2- O Tempo e o Vento, pag. 545)
sábado, 30 de abril de 2011
Te siento
Qué hacer cuando los sentimientos tienen dos hablas
cuando los puedes traducir
aunque no los entienda.
La vida nos sopla al oído las imposibilidades posibles
pero, al fin, qué es posible?
Una piel que tiene color
pero no olor
Una voz que me suena al oído
está re re lejos...
Acércate!
Cuéntame secretos...
Y puedes sentir
Una mirada que jamás viste
Unas manos que nunca te han tocado
Un respiro que nunca se acercó.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Sábado à noite, tudo pode mudar?

"Amanhã eu não vou nem lembrar", uma lágrima veio brincar em seu olhar naquele momento, ameaçando-lhe rolar pela face. Mas ela já aprendera a suprimir o choro e como em muitas outras vezes, engoliu em seco e quedou-se ali, pensando, a única expressão possível foi um riso irônico que lhe saía, às vezes, assim, meio nervoso, meio maquiado.
Quantas bocas havia beijado ele até então? Tantas que ela já perdera a conta. Porém, agora, ele estava ali, com uma voz doce, com seu charme meio natural, meio aprendido e, naquele momento, era só a ela que ele queria, ela em sua face mais instintiva.
Ele a tocava vez em quando, no princípio com um ar desinteressado, como um acaso, depois de forma explícita. Cada vez que o toque quente dele tocava-lhe a pele, ela estremecia amedrontada e excitada. Resistia-lhe de forma enérgica. A idéia de ser mais uma em seus braços repugnava-a. Entre medo, asco e desejo que transpiravam dela, ele a tomou em seus braços num beijo tórrido, nervoso, como quem doma uma fera que teima em não ser domesticada.
Ela não queria gostar, aquilo lhe era inconcebível, mas ele vinha, cada vez mais atrevido, mais confiante, como se lhe conhecesse o pensamento, como se lhe houvesse mapeado o corpo. Ela lutava entre um querer e não querer que teimava em ser apenas querer, um querer que lhe feria os princípios conquistados com um sofrer silencioso.
Há quanto tempo ela não era tocada... Ele nem poderia imaginar. A realidade de experiências amargas a fizera paradoxalmente ir de encontro ao seu discurso feminino, conquistado a custa de sutiãs queimados em praça pública. Sim, ela já percebera que os direitos por elas conquistados nessa esfera, mais funcionavam contra ela que a seu favor, e que, por mais prazer "free way" que ela pudesse sentir, na hora de dormir, a cama dela estava sempre vazia, e ela adormecia entre seus livros e suas próprias roupas. Ele conhecia o paradoxo e utilizava o discurso aparentemente a favor das mulheres para confundi-la, desarmá-la. Como ela tão moderna poderia estar aprisionada aos velhos conceitos sociais? Ela não estava, estava presa às próprias experiências, dúvidas e próprios anseios.Como explicar isso a ele? Na situação já tão avançada em intimidade, não cabia intimidade desse tipo. Melhor fazer-se de antiquada, mas isso ela também não conseguia.
Ela foi aos poucos entregando-se, a sensação da língua molhada e macia a percorrer-lhe o corpo apagava-lhe os pensamentos, desfazia-lhe as sinapses e o corpo simplesmente respondia explosivo, como a sua essência não podia negar. Entre intervalos voltava-lhe a sanidade, perturbadora, e ela voltava ao início. Ele a desejava com um desejo imponente, urgente; já desenhara todo o corpo dela com as mãos, com a língua, e o cheiro e o gosto dela faziam-lhe o desejo ainda mais insaciável. Precisava entrar nela, marcá-la. Mas isso ela não podia, as lembranças de outrora e a imagem dele a provar outros beijos ecovam em sua mente numa renúncia inflexível.
Ela o magoou, ele a magoou de volta, ela fugiu sentindo-se rejeitada, ele adormeceu com um sentimento que ela não podia decifrar. Pela manhã, não houve beijo de bom dia e ela teve a certeza de que fizera o certo; certeza que se confundiu depois quando mesmo assim se sentiu como antes. Ele despediu-se numa despedida fria e ela foi adormecer mais tarde entre seus livros e suas próprias roupas.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

que palavras devem ser ditas numa noite de verão?
que palavras quererás escutar numa noite de inverno?
que cara deverá ter a voz que as pronuncia?
que gosto precisa ter o beijo que dura mais de uma estação?
ansiosa por palavras sopradas com doçura, espero inerte que tenham cheiro de primavera, que exalem o calor do verão, que sejam aconchegantes como o inverno e que precisem ser recolhidas com carinho como as folhas que caem no outono.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Adolescer
E eis que ele tem um rosto lindo, um olhar de quem sonha, gestos de quem vive com sangue correndo nas veias, a pleno vapor. Olha-me como se eu fosse a oitava maravilha, inalcançável, embora ele tente me alcançar sempre. E eu penso: quisera eu ser como tu e morrer de amores numa paixão adolescente.
Depois que se cresce fica tudo tão mais burocrático. Já dizia o mestre Vinicius em sua imensa sensibilidade "Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?" em um amor adolescente só morre-se e ponto. O amor é tão mais doce e ridículo nessa fase...
Que eu possa ser responsável por alguns sonhos, mesmo os que pareçam impróprios e que um dia eu possa surgir em você como uma antiga lembrança capaz de despertar um velho sorriso infantil.
Depois que se cresce fica tudo tão mais burocrático. Já dizia o mestre Vinicius em sua imensa sensibilidade "Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?" em um amor adolescente só morre-se e ponto. O amor é tão mais doce e ridículo nessa fase...
Que eu possa ser responsável por alguns sonhos, mesmo os que pareçam impróprios e que um dia eu possa surgir em você como uma antiga lembrança capaz de despertar um velho sorriso infantil.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
A um final de domingo...
Acordei às onze da matina, e agora, quase treze horas depois, não tenho sono para voltar à cama. Assisto à tv que, por incrível que pareça, transmite algo ao qual vale a pena dar um pouco de atenção, quiçá porque talvez já passe da meia-noite e já não seja domingo.
Estou aqui fazendo o que sempre faço: perdendo o foco. Exercitando a minha incrível capacidade de desconcentrar-me. Pra bem falar a verdade, estou aqui fugindo da internet, que creio às vezes ser uma das reforçadoras do talento que tenho de perder-me em emaranhados de pensamentos nos quais, depois de certo tempo, não consigo encontrar o caminho de volta. Onde eu estava mesmo?
A moça na tv faz coisas demais: atriz, fazendeira, idealista, participante de ONG, etc., etc., etc. Sempre sinto-me inútil quando vejo gente assim tão competente. Fico pensando: caramba, como faço pouca coisa... Acho que isso me deixa meio deprimida. Melhor mudar de assunto.
Tento entender por que me perco tanto. Parece que transfiro à vida a possibilidade de abrir muitas abas ao mesmo tempo, enquanto em uma delas tento me convencer em 140 caracteres. Minha prolixidade faz cair tudo por terra, e fico caminhando entre uma aba e outra, tentando, em vão, desenvolver um design incrível que comporte ícones que tornem o acesso divertido e links que tenham conteúdos interessantes infinitamente.
Agora a mulher na tv fala de um novo roteiro que produz junto com uma jovem que, pelo sorriso que a atriz deixou escapar, também deve ser responsável por revisar o texto ao final de cada capítulo.
Meu estômago dói e acaba mais um bloco do programa. Melhor tentar dormir, afinal, amanhã é segunda-feira, dia de estar OBRIGATORIAMENTE conectada desde cedo. É uma pena, mas são poucos os dias que começam às 11 da manhã. Saindo... Status: off line.
Estou aqui fazendo o que sempre faço: perdendo o foco. Exercitando a minha incrível capacidade de desconcentrar-me. Pra bem falar a verdade, estou aqui fugindo da internet, que creio às vezes ser uma das reforçadoras do talento que tenho de perder-me em emaranhados de pensamentos nos quais, depois de certo tempo, não consigo encontrar o caminho de volta. Onde eu estava mesmo?
A moça na tv faz coisas demais: atriz, fazendeira, idealista, participante de ONG, etc., etc., etc. Sempre sinto-me inútil quando vejo gente assim tão competente. Fico pensando: caramba, como faço pouca coisa... Acho que isso me deixa meio deprimida. Melhor mudar de assunto.
Tento entender por que me perco tanto. Parece que transfiro à vida a possibilidade de abrir muitas abas ao mesmo tempo, enquanto em uma delas tento me convencer em 140 caracteres. Minha prolixidade faz cair tudo por terra, e fico caminhando entre uma aba e outra, tentando, em vão, desenvolver um design incrível que comporte ícones que tornem o acesso divertido e links que tenham conteúdos interessantes infinitamente.
Agora a mulher na tv fala de um novo roteiro que produz junto com uma jovem que, pelo sorriso que a atriz deixou escapar, também deve ser responsável por revisar o texto ao final de cada capítulo.
Meu estômago dói e acaba mais um bloco do programa. Melhor tentar dormir, afinal, amanhã é segunda-feira, dia de estar OBRIGATORIAMENTE conectada desde cedo. É uma pena, mas são poucos os dias que começam às 11 da manhã. Saindo... Status: off line.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Encontro sem marcas

quantas caras terão o desejo
quantas a sedução
de que cor apresenta-se a tentação
nos espelhos, nas ruas, nos monitores
cheiro, toque, voz
so um
um de cada vez
tudo ao mesmo tempo
uma versão completa que nao convence
uma versão cortada que surpreende
pega fogo, incendeia
e é só metade
senão um quarto
num quarto de solidão
sem encontros
muitos esbarros.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E eis que chegaste 2011, chegaste bem, em clima de samba, entre fogos com cheiro de céu e de mar. Sentimentos de amizade pairam sobre mim neste início de ano que me toma nos braços e fica ali mudinho sem pistas do que será o desenrolar de tudo isso.
Há pouco li o primeiro post do blog pessoal de um amigo, título do post "Epifanias de um cafajeste" algo tão sugestivo não poderia passar por mim e deixar de ser lido, confesso entretanto que a escolha da palavra "epifanias" tornou tudo muito mais atraente, adoro essa palavra. Lembro-me de ter algumas palavras favoritas mas de nunca lembrar quais são quando alguém me pergunta. Pois bem, epifania seguramente é uma delas, quiçá pelo simples motivo de que por muito tempo não lhe sabia o significado, apesar deste ter realmente tudo a ver com a sonoridade da palavra.
Sinto que estou começando a delirar, quem sabe uma dose de vinho por dia, como recomendam os especialistas, me deixasse um pouco melhor. Mas melhor em qual sentido mesmo? Deixemos isso de lado. Voltando às palavras, há pouco perguntavam na tv qual a palavra favorita das pessoas e todos sacam seus clichês: amor, amizade. Isso lá tem sonoridade??? Palavra bonita é paralelepípedo, escarlate e claro EPIFANIA.
2011 é ainda uma incógnita, como todo início de ano. As esperanças e perspectativas são as melhores possíveis, e enquanto não encontro o valor de X nem de Y vou ficando por aqui a esperar ter várias boas epifanias ao longo deste 2011 ainda engatinhante.
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