Por essa época, como andava nossa heroína, hein, caro leitor? Não sei se
já mencionei que nossa brazuca é quase sete anos mais jovem que nosso Hermano.
Fazendo os cálculos, ela devia estar aí pelos nove anos, começando a
preocupar-se com a cor do batom. Só tinha vivido um amor, aos seis anos,
lembra-se? Ah leitor esquecido... Volte ao início da história e verás que te
digo a verdade, embora a palavra não seja exatamente “vivido”...
A questão é que, enquanto o nosso herói julgava-se reerguido do primeiro
grande amor naufragado, nossa princesa tentava ser a melhor aluna da terceira
série, o agora quarto ano, para o povo mais antenado nas nomenclaturas. Ninguém
pode negar que eram dois grandes momentos, mas voltemos ao nosso che.
Ia bem na superação do seu primeiro pé na bunda significante, depois de
alguns meses, já tinha se convencido, era isso... Não contava porém, com a
possibilidade de encontra-la na rua, -calma, refiro-me à boluda da adolescência
de nosso querido, não à nossa menina- pois é, a encontrou. Foi deveras desconcertante.
Sentiu-se como quando olhava nos olhos amendoados da loirinha de sua infância. Mas
era pior, porque agora tinha total noção de sua vulnerabilidade e odiava isso.
Ela o cumprimentou com um “hola” meia boca, ele respondeu de forma quase
inaudível e seguiu caminho tentando desaparecer. Depois de alguns passos,
virou-se, não pôde evitar. Ali, numa esquina próxima, ela conversava
alegremente com um desconhecido.
A cabeça passou a desde ai seguir o ditado chinês “uma imagem vale mais
que mil palavras” e não parou de martelar e criar fantasias. Não o atendia,
funcionava sozinha e pensava em muitas coisas, todas relacionadas a ela. Com quem
estava? Quem era ele? Porque ela sorria tanto? Estaria já namorando outro? Pena
o coração ser tão frágil e demorar tanto a cicatrizar. Não fosse assim nosso herói
não estaria sofrendo tanto. Tirara as ataduras antes do tempo, era fato. Tentava
mudar o pensamento. Lia, via tevê, escutava canções, andava de um lado para
outro. Paliativos... Ao fim era hora de dormir e a cabeça seguia trabalhando de
forma involuntária.
Não entendia por que se importava tanto. Pior, não aceitava importar-se. Lo
hecho está hecho e o passado tem de ficar para trás. Mesmo sem explicação racional,
não pôde dormir naquela noite.
Enquanto isso, a milhares de quilômetros, a nossa princesinha dormia o
sono dos anjos esperando tirar uma boa nota na prova de matemática.
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