segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A arte do encontro XV


No dia seguinte, teve de arranjar uma desculpa para sair no horário de encontrá-la, assim, casualmente... Afinal, por enquanto, não havia mais aulas. Por pelo menos duas semanas, não precisaria acordar cedo. E era tão bom dormir até tarde naquele friozinho... Mas era preciso vê-la, era NE-CES-SÁ-RIO! Não podia perdê-la de vista uma vez mais.
Plenas férias de inverno e ele estava de pé antes da mãe. Ela nem pode acreditar quando levantou e o viu à mesa tomando café e já arrumado para sair. Perguntou-lhe entre espantada e incrédula sobre o porquê de tal atitude, e ele respondeu simplesmente que precisava, coisas de um amigo da escola. Àquela hora da manhã e ainda sonolenta, ela deu-se por satisfeita e esqueceu as indagações.
Antes de sair, ele olhou-se no espelho. Depois de tantas noites mal dormidas, seguia com as olheiras, porém não havia o que fazer, era esperar as próximas noites e descansar. Saiu pelas ruas como se nem sentisse aquele frio julhino de cortar os ossos. Sentia-se aquecido por dentro, com o coração aos saltos. A ansiedade vinha-lhe a boca num roer de unhas incontrolável. A estação! Bom, dois minutos para a chegada do metrô.
Entrou no vagão de sempre, o terceiro. Três, número primo, seria sorte ou azar? Procurou-a. O moço com o violão a caminhar de um lado para outro lhe atrapalhava a visão. Isso lá é hora de fazer música? Uma vez mais percorreu os olhos pelo vagão, e, perto de uma das portas, um livro resplandecia de delicadas mãos. Passou o olhar pelos braços, o colo e foi dar com aqueles olhos que perdiam-se distraídos da leitura, como se procurassem algo que pudesse ajudá-los a escrever sua própria história.
Ele notou sua distração, acercou-se, mas não pode sentar-se ao lado dela, pois o assento estava ocupado e teve de contentar-se em poder ficar de pé ao seu lado. Antes de conseguir cumprimentá-la, ela o notou: ! Hola! ¿Cómo andás?

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