Era loira,
alta, a visão recém-saída de um filme norte-americano. Um sonho adolescente, um
sonho adulto, um sonho. Movia-se ao ritmo da música, em movimentos
pré-programados para fazê-lo sofrer. Toda a insegurança de um garoto quase homem,
ou de um homem meio garoto, tomava conta dele. Parado no meio da festa,
sentia-se como o visitante de um aquário. Ela nem percebia sua presença,
dançava como se nunca mais fosse haver música. Em meio à falta de proteção à exibição
de Ariel , um baladeiro alucinado tropeçou no nosso herói e ele,
desafortunadamente ou não, caiu sobre a visão de Meliada.
_ ¿Estás loco?
_! Perdón!
!Perdón!
Enquanto ela
gritava até superar os decibéis que tomavam conta do lugar, ele tentava
desculpar-se de todos os modos, mas não lhe saía mais que um “perdón” mal
articulado. Saiu acompanhado da vergonha e foi tomar um drink para acalmar o
espírito. Alguns minutos depois, já recomposto, pensou em algo melhor a fazer. Olhou
ao redor, procurou-a. Foi encontra-la na área de lounge. Ela descansava, encontrava
a serenidade em meio à conturbação. Ele ficou alguns minutos a fita-la de
longe, encantado. Imagine se ela cantasse...
Voltou ao bar,
comprou uma bebida, encheu-se de coragem e foi até lá. Ela continuava ali,
quase inerte, quase irreal. Ele então aproximou-se:
_!Hola!
_!Hola!! Puuf!
¿Outra vez vos?
Em meio a
tantos tropeços ele ofereceu a ela a bebida e finalmente conseguiu articular
uma desculpa. A conversa foi fluindo e ele foi percebendo que sim, ela era de
carne e osso. Ela, em contraponto, começava a perceber nele coisas surreais.
Que boca! Que boca!